A Jesus Cristo Nosso Senhor
Gregório de Matos
Pequei, Senhor, mas não porque hei
pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja* um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra
história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor
divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
* Sobeja: basta.
Compreendendo melhor o poema:
Nesse soneto de Gregório de Matos vemos a clara situação que o homem barroco vivia: querendo a salvação, mas não deixando de aproveitar a vida. Ele viveu no período de transição entre a teodiceia e antropodiceia o que o deixa nesse conflito. Ele fala a Cristo que pecou e mesmo tendo pecado basta só que Cristo o coloque de volta em seu caminho e ele será salvo. Caso isso não seja feito, Cristo perderá toda a gloria, pois não terá conseguido o resgatar do mal.
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